Thursday, February 19, 2015

Você tem medo de que?

"Eu aprendi que a coragem não é a ausência de medo, mas a vitória sobre ele. O homem corajoso não é aquele que não sente medo, mas aquele que o domina." - Nelson Mandela

Hoje vamos falar sobre medo. Será que sentir medo é tão negativo assim? Para discutirmos esse assunto vou contar a história de uma mulher que simplesmente não sente medo de nada. Vamos entender de onde vem nossos medos e como dominá-los.


Cena do filme 'Monstros S/A'

Para se ter uma ideia de como a ausência total de medo pode ser perigosa, nossa personagem de hoje não pode ter sua identidade revelada, nem mesmo para jornalistas, que só são permitidos intrevistá-la por telefone, pois qualquer pessoa mal intensionada pode usar-se desse fato para prejudicá-la, por isso ela é apenas conhecida como S.M..

S.M. é portadora de Urbach-Wiethe, uma doença rara que afeta apenas 400 pessoas no mundo. De acordo com o site de notícias abcNews a doença causa um dano na amígdala, uma estrutura cerebral que tem a forma de uma amêndoa onde são processadas emoções como medo, amor e raiva. Nesse caso, S.M. tem depósito de cálcio nas amígdalas, dos dois lados do cérebro, não permitindo que ela sinta medo.
Por esse motivo S.M. tem a tendência de acreditar nas pessoas, a confiar no que elas dizem e por isso já se viu em situações perigosas algumas vezes.

Podemos então dizer que seria muito difícil vivermos sem medo. Que ele é na verdade benéfico, e nos avisa que estamos em situação de perigo para que nosso corpo reaja. 
De acordo com o neurocientista Dr. Antonio Damasio da University of Southern California, emoções são instintos, já vêm prontos, não precisamos pensar, o medo nos guia a termos o comportamento correto quando em perigo.

No entanto, o excesso de medo também é prejudicial. Vários cientistas estudam sobre o medo e a conclusão a que se chega é que tomamos as situações de uma forma muito pessoal. Tendemos a sentir medo profundo apenas assistindo ao noticiário ou ao ouvirmos sobre um acidente que aconteceu com outra pessoa. Muitas pessoas tem pavor de andar de avião, mesmo sendo provado que este é o meio de transporte mais seguro que existe, o fato dos acidentes aéreos serem sempre sensacionalistas nos assusta. As temidas cobras matam em média de 85 a 100 pessoas no Brasil, muito pouco, já problemas do coração matam, só no Brasil, 344 mil pessoas por ano. Portanto, devemos evitar assistir a programas sensacionalistas na TV e lermos mais notícias boas. Viver com medo pode causar doenças cardíacas, derrames e depressão e é com isso que devemos nos preocupar e não com eventos isolados e que estão longe de nós.

E como podemos então dominar nossos medos?  

"Uma das coisas que fazem com que os humanos sejam tão diferentes dos outros animais é a capacidade de falarmos com nós mesmos dentro de nossas mentes." explica Dr. Greg Downey, cientista na Universidade da Australia. A essa capacidade dá-se o nome de 'funções executivas'. 
Monstros S/A
Para dominarmos o medo é preciso substituirmos nossas preocupações irreais por eventos reais. Devemos lembrar que na maioria das vezes tudo não passa de ansiedade. Se o telefone tocar as 3 da manhã pode ser apenas engano ou alguém que se confundiu com o fuso horário, não necessariamente virá uma má notícia. 

Outra forma de dominarmos os nossos medos é enfrentando-os. Primeiro tente se lembrar de onde esse medo vem, tente entendê-lo e então encare-o de frente. Para ilustrar recorro ao podcast Invisibilia para buscar a história de um rapaz que sentia medo profundo de rejeição.   Jason Comely, um TI freelancer de Ontário, Canadá foi deixado por sua esposa; ela a trocou por um homem aparentemente melhor que ele em muitos aspectos, depois desse evento, Jason que nunca foi medroso, começou a sentir profundo medo de rejeição. Depois de muito sofrer, e se isolar, ele decidiu dar um basta em seu medo e criou um método a que ele chama de 'Terapia da Rejeição'. O objetivo da terapia é tentar ser rejeitado uma vez ao dia: "Por favor, você tem um chiclete?" "Não." "Obrigado". Todos os dias ao acordar, Jason pensava em uma forma de ser rejeitado, como por exemplo pedir a um amigo que lavasse suas roupas, ou convidar um amigo do Facebook que ele nunca viu pessoalmente para almoçar, e assim por diante. Aos poucos ele transformou o que ele tinha medo em algo que ele queria, então ele se sentia bem. "Consegui, ganhei minha rejeição do dia". 
Jason começou então a vender cartões com sugestões de rejeição na internet, e ajudou muita gente que sofria do mesmo medo. 
O resultado de sua terapia foi uma vida com menos medo. "Na verdade foi mais difícil ser rejeitado do que eu pensava, muitas pessoas na verdade aceitavam." conta Jason com segurança. "A verdade é que contamos histórias para nós mesmos que não são verdade, e nós acreditamos nelas". 

Fecho esse artigo com um dilema:

- Se você não tem medo mais coisas ruins podem acontecer com você, mas você não as vivencia como sendo horríveis.
- Se você tem muitos medos, poucas coisa ruins podem acontecer, mas é provável que sua vida seja mais dolorida para você. 

Também aproveito para sugerir alguns sites de boas notícias:
Fontes: 
podcasts: Invisibilia e Savvy Psychologist
revista: Mente & Cérebro

Thursday, February 12, 2015

Cavernas Luminosas


"A jornada da exploração e da descoberta é razão o suficiente para 
buscarmos respostas" - Albert Eistein

A história desta semana vem do estado americano de Novo México onde o clima é conhecido por ser ensolarado e seco. Durante 25 anos o americano Ra Paulette se dedica a esculpir belas cavernas de arenito usando apenas instrumentos manuais. Seu objetivo é usar a estética de suas cavernas para que que seus visitantes desenvolvam um aprofundamento em suas emoção a ponto de atingirem uma verdadeira transformação interior.

A história de Ra Paulette vem de encontro ao belo ensinamento budista sobre trabalho: "nosso trabalho deve afetar positivamente os seres vivos, a comunidade e o ambiente".

"Trabalho manual e a base da minha expressão pessoal. Para fazer bem feito, para fazer um trabalho bonito, esta é uma atividade de 'uma pessoa inteira', unindo a forças mentais e emocionais com força física."

Trabalho de escavação de Ra Paulette, Novo México

Nos últimos 25 anos o americano Ra Paulette, de 67 anos, vem raspando e modelando cavernas de arenito no Novo México usando apenas instrumentos manuais, transformando-as em 'santuários selvagens' como ele mesmo as chama. 

Ra não tem diploma em esculturas, não é engenheiro e nem arquiteto. Ra é simplesmente um homem que encontrou sua paixão. "Quando se está fazendo o que ama e está atraído por isso, você quer fazer aquilo o tempo todo", diz Ra. "Na arte social a criação do trabalho de arte por si só não é o objetivo como em uma exposição, mas sim uma forma de trazer mudança social. Ao usar a estética para abordar o sofrimento da sociedade, a arte social não se contenta em meramente decorar o mundo, ela tem a intenção de modificá-lo".


Algumas de suas cavernas possuem eletricidade, chão de madeira e água corrente

Ra já escavou ao todo doze cavernas, todas iluminadas pela luz solar que ele deixa entrar por buracos no teto ou janelas. Algumas de suas propriedades foram encomendadas e vendidas por quase $1 milhão de dólares, sendo que todo dinheiro fica para o corretor e não para o artista, que não pretende ficar rico com sua obra de arte, apenas curtir o processo de escavação.

Magnun Opus
Seu mais recente projeto, o Magnun Opus que ainda levará vários anos para ser completado, está sendo escavado para se tornar um espaço comunitário para a população local. Um local de reflexão, onde as pessoas possam encontrar paz na solidão e ouvirem seus sentimentos a ponto de entenderem a si mesmos e à vida. 

Recentemente, muito tempo depois do início destas atividades, Ra ganhou notoriedade e chamou a atenção de um cineasta, que passou 3 anos acompanhando a rotina dele para filmar o que hoje é um documentário chamado "Cave Digger", trabalho indicado ao Oscar de melhor documentário em curta-metragem em 2014.

E Ra nos deixa com a pergunta: "Como podemos mudar o que fazemos antes de mudarmos o que sentimos?"




Fontes: 
websites: The Caves of Ra Paulette, CBS News
livros: Os Monges e Eu - Mary Paterson
documentary: Cave Digger

Thursday, February 5, 2015

Duas Palavras Que Vão Mudar Sua Vida Para Sempre

Título Original: The 2 Words That Will Change Your Life Forever
Autor: Bernard Marr - autor de livros best-seller, consultor de estratégia, gestor de performance, análise, (KPIs) indicador-chave de desempenho e big data.
Tradução Livre: Maria Fernanda Cotrim

De vez em quando algumas palavras nos tocam bem profundamente. Elas nos fazem parar e refletir. Essas palavras e seus significados ficam dentro de nós por um bom tempo. Elas podem até nos inspirar ou nos motivar a fazermos alguma coisa diferente ou a mudar de direção. Essas palavras podem vir de citações de pessoas famosas ou através de amigos, pais, filhos ou de um estranho.

Para mim elas vieram de uma professora da escola a quem chamávamos de Lulu. Aquela não foi uma época feliz da minha vida, eu tinha acabado de perder meu pai em um acidente de carro e meu desempenho na escola estava ruim. Eu andava triste, bravo e revoltado com o mundo. Um dos poucos professores que me ajudou durante aquela fase da minha vida foi Lulu. Me lembro de uma conversa que tivemos um dia. Ela me disse “eu conheço duas palavras que vão mudar sua vida para sempre”. Aquilo me deixou curioso e ouvi atentamente ao que ela tinha a dizer. Ela disse “Essas duas palavras são muito poderosas, são elas: Carpe Diem”. Eu perguntei: “O que elas significam?” Então ela explicou: “Estão em Latin e se traduzem como Aproveite o Dia”.

Ela me explicou que essas palavras se originaram em um poema de Horácio (65 BC - 8 BC) e elas foram usadas em um Épico da Babilônia onde Siduri as usou para insistir que Gilgamesh esquecesse seu luto e abraçasse a vida. Carpe Diem são duas palavras simples mas com muito significado para mim. Elas significam abraçar a vida, agarrar as oportunidades e fazer o melhor do momento presente. Essas duas palavras me ajudaram imensamente naquela fase da minha vida e eu nunca as esqueci. Até hoje eu me pego relembrando delas, que sempre causam um efeito positivo em mim.

Ao invés de remoermos o passado ou nos preocuparmos com o futuro, deveríamos viver o aqui e o agora. Perdemos muito tempo refletindo sobre o passado, sobre coisas que aconteceram, o porque delas terem acontecido, ou sobre o que fizemos de errado. Nós também perdemos muito tempo sonhando com um futuro mais brilhante, com o que gostaríamos de fazer ou nos tornar um dia. Para mim, Carpe Diem me faz lembrar que o ontem já passou, o amanhã ainda não está aqui e o dia de hoje é a nossa única chance de fazer a diferença. Se aproveitarmos ao máximo o hoje, então viveremos por completo.

Deveríamos enxergar cada dia como um presente, uma oportunidade. Cada minuto é valioso, podemos usá-los para aproveitar a vida, para começar alguma coisa ou para terminar. O momento presente é a única chance que temos para fazer o bem e mudar o mundo para melhor - não importa em que proporção.

Cada novo dia é um privilégio. Quando meu pai saiu naquela manhã antes do acidente ele pensou que fosse me ver de novo, ele pensou que ainda teria muitas décadas para dizer o que precisava e para fazer o que ainda queria fazer. O fato é que nós simplesmente não sabemos o que o amanhã trará. Portanto temos que aproveitar cada dia para fazer o que queremos e dizer o que acreditamos ser importante.

O tempo que perdemos sendo infelizes, o tempo que gastamos nos preocupando com o futuro ou remoendo o passado é tempo desperdiçado. Oportunidade e privilégio desperdiçados que não se recuperam mais.

Para mim, Carpe Diem significa livrarmos de preocupações, raivas e negatividades que nos puxam para trás. Nos faz lembrar que, não importa de onde venhamos ou as coisas que enfrentamos no passado, a única coisa que importa é para onde estamos indo e que o futuro começa com os passos que damos hoje. O dia de hoje é nossa única chance de vivermos. Sempre se lembre de que é somente neste momento que podemos ser felizes, podemos amar, sentir, aproveitar e aprender. Portanto, Carpe Diem!

Depois daquela conversa memorável com minha professora eu decidi caminhar até em casa. Andei pela praia e tentei absorver o mundo com todos os meus sentidos para que eu pudesse cheirar a maresia, ver todas as cores do mar e do céu, sentir o sabor do sal, ouvir o canto das gaivotas e sentir o vento no meu rosto. Daquele momento em diante eu me senti acordado e inspirado a agarrar todas as oportunidades que viessem ao meu encontro todos os dias.

Carpe Diem foram as duas palavras que mudaram a minha vida para sempre. E espero que para você elas sejam, ao menos, inspiradoras.